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COMO IDENTIFICAR A DOR NAS CRIANÇAS
COMO IDENTIFICAR A DOR NAS CRIANÇAS

Nem toda dor é motivo de preocupação. Mas quem aguenta ver o filho sofrendo? Saiba o que observar nas queixas das crianças para identificar a origem do desconforto e saber quando é hora de procurar um médico

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Até a década de 1970, acreditava-se que recém-nascidos não processavam estímulos dolorosos, porque seu sistema nervoso central era imaturo. Hoje já se sabe que eles percebem todas as sensações. Para mensurar o grau de desconforto, foram criadas escalas que consideram sinais fisiológicos e comportamentais. “A primeira surgiu em 1993 e é a mais usada no Brasil, conhecida pela sigla NIPS (Neonatal Infant Pain Scale). Ela foi desenvolvida para medir a dor aguda no bebê, causada por procedimentos como picada de agulha e intubação”, explica Flávia de Souza Barbosa Dias, enfermeira da Unicamp, que criou uma nova escala há dois anos para avaliar as chamadas dores prolongadas. Entre elas, estão a dor no peito causada por pneumonia, a abdominal , por conta de infecção intestinal, e a dor causada por excesso de picadas de agulha. O método atribui uma pontuação de 0 a 3 em cinco indicadores: expressão facial, movimentos do corpo, padrão de sono, reação a estímulos e o grau de dificuldade de o bebê ser consolado. Se a soma de todos os esses itens for maior do que seis, quer dizer que ele está sentindo o mal-estar.

De repente, seu filho aparece choroso ou reclamando de dor em alguma parte do corpo. Lá vão os pais tentar interpretar se a queixa é passageira ou se é preciso ligar para o pediatra. Alguns incômodos fazem parte do processo de desenvolvimento infantil. São dores funcionais, ou seja, que não têm um gatilho específico. Outras podem ser “só para chamar atenção”. Mas existem, ainda, as que indicam quadros mais graves. Aprenda a identificá-las e saber o que fazer em cada caso.

O que diferencia uma dor comum de uma mais grave?


O principal é observar a intensidade e a duração da dor, que não deve de modo algum atrapalhar a vida do seu filho. Se ele não consegue dormir direito e acorda no meio da noite por conta do mal-estar, não se alimenta bem ou tem dificuldade para brincar e se movimentar, é hora de consultar o pediatra. As dores que precisam de tratamento podem ser agudas ou crônicas. As agudas são intensas, vão e voltam durante o dia, mas não duram mais do que algumas semanas. Normalmente elas aparecem como consequência de outro problema médico específico. Uma fratura, por exemplo, é dolorosa, mas quando tratada, a dor automaticamente desaparece. Já as crônicas são consideradas doenças, ou seja, precisam ser tratadas como o próprio problema e costumam durar pelo menos três meses. Outro sinal de alerta é a mudança do padrão do incômodo. Por exemplo, seu filho sempre sente dor nas pernas e de repente ela fica mais forte, se concentra em algum ponto específico ou muda para outro lugar do corpo. Em todos os casos é necessário consultar um médico antes de tomar qualquer medicação, para não atrasar ou atrapalhar o diagnóstico e o tratamento.

A dor pode vir associada a outros sintomas?


Sim, e isso é um indício de que não se trata de uma dor funcional ou fisiológica. Quando a dor vem acompanhada de febre, perda de peso, alteração de equilíbrio, cansaço, ela pode estar ligada a infecções, inflamações, problemas neurológicos e até tumores.
Entre os 2 e os 4 anos, por exemplo, é comum que a criança tenha infecções nas vias respiratórias superiores, que podem provocar dores de ouvido e de garganta.

Meu filho ainda não fala. Como posso saber se ele está com dor?


Os bebês se comunicam por meio do comportamento e da expressão facial. Repare se o seu filho está com os olhos semicerrados, meio apertadinhos, e se os músculos do rosto e do corpo estão retraídos. Chorar muito, movimentar braços e pernas e ficar irritado sem motivo também podem ser sinais de dor. Outra possibilidade é ele deixar de mover um membro porque está dolorido.

Quais são as dores mais frequentes em crianças?


Cólicas abdominais, erupções dentárias e dores na cabeça, na barriga e nas pernas. Bebês entre 3 e 6 meses sofrem com cólicas porque seu sistema digestivo ainda não está maduro o suficiente. A dor aparece sempre no fim da tarde e não há o que fazer além de confortar o bebê e deitá-lo de bruços em seu colo. Por volta dos 6 meses, surgem os primeiros dentes, o que pode causar desconforto e coceira. Assim que isso acontecer, leve seu filho ao odontopediatra para avaliar a saúde bucal dele e receber orientações sobre higiene. O especialista também pode receitar medicações para tornar a erupção dos dentes menos dolorosa. As dores na cabeça, na barriga e nas pernas podem surgir em diferentes faixas etárias, a partir dos 2 anos, e também precisam ser observadas.

Dor de cabeça é motivo de preocupação?


Depende. A sensação dolorosa pode ser reflexo de gripe, mas se a criança também tiver febre e episódios de vômito, há suspeita de meningite. Se a dor dura horas, pode-se considerar sinusite, especialmente se for concentrada nos seios da face e acompanhada de obstrução nasal. Ou então enxaqueca, quando predomina em um lado da cabeça e aparece associada à sensibilidade à luz e ao barulho, náusea ou vômito. De acordo com um estudo feito por universidades brasileiras e estrangeiras, 7,9% das crianças sofrem com esse problema. Sobre dor de cabeça causada por falta de óculos, relaxe: segundo especialistas, esse sintoma raramente é associado por problemas de visão.

Uma dor abdominal pode ser sinal de uma emergência?


Pode, principalmente se a dor for constante e piorar rapidamente nas primeiras seis a oito horas em que se manifesta, sendo acompanhada de febre e vômitos – o que pode indicar uma apendicite. Identificar o local do desconforto também pode dar pistas do problema. Na parte superior do abdômen, deve indicar alterações no estômago. Mais para baixo, provavelmente se trata de um desarranjo no intestino. Uma infecção intestinal comum passa em três ou quatro dias e provoca diarreia e cólicas que vão e voltam.
Vale lembrar que é na região da barriga que também se concentram as dores “emocionais”, ou seja, causadas por sentimentos como ansiedade e medo. Nesse caso, é bom observar a rotina da criança para ver se tem algo diferente acontecendo e, assim, poder conversar para acalmá-la.

E as dores nas costas?


Dor nas costas é coisa de pessoas mais velhas. Quando aparecem em crianças, normalmente indicam problemas de coluna, que precisam ser tratados por um ortopedista. O ideal é fazer uma avaliação no seu filho já no primeiro ano de vida, para identificar alterações antes mesmo de elas causarem sintomas, e fazer um tratamento precoce, mais simples e eficiente. As mais visíveis são os desvios de coluna, como cifose (tronco projetado para frente), lordose (tronco inclinado para trás) e escoliose (um ombro é mais elevado do que o outro). Muitas vezes, é possível enxergar a coluna torta a olho nu, mas é importante fazer uma radiografia e descobrir se o problema é apenas postural ou se há algum defeito congênito. O tratamento vai depender de cada caso, mas em geral é feito com exercícios. Quando a deformidade é grave, pode ser necessário apelar para uma cirurgia corretiva.

Dores nas pernas podem ser relacionadas ao crescimento?


Isso é comum em crianças de 4 a 10 anos e costuma vir à noite, depois de um dia com muita atividade física, por exemplo. Os médicos acreditam que o crescimento provoque uma distensão na membrana que envolve o osso, causando a chamada dor de crescimento.
Se o seu filho está bem, não manca nem tem febre, mas sente um incômodo nas coxas e panturrilhas, que passa no dia seguinte, não se preocupe. Fale com o pediatra e, se necessário, administre um analgésico ou faça compressas quentes e massagem. Agora, se a dor é recorrente, intensa e vem acompanhada de manchas vermelhas ou roxas e inchaço, pode se tratar de uma inflamação mais grave nas articulações. Doenças como reumatismo e artrite reumatoide são raras em crianças, mas precisam de tratamento especializado, por serem autoimunes, ou seja, quando o sistema de defesa passa a atacar os tecidos do próprio corpo.